Mano essa pode ser uma vacina contra pobres

 Mano essa pode ser uma vacina contra pobres

Por Marques Maurício

Há dias atrás Moçambique anunciou a chegada do primeiro lote da vacina contra a covid-19, que em primeira instância diz-se vir a abranger inicialmente cerca de 8 mil agentes da saúde e depois chegará ao próprio patrão. Diante dessas informações, preocupa-me muito, minhas narinas jorram água de por pena de nós que nem caneta partimos (estudar); que nem sabemos o que é acordar e tomar água quente com açúcar. Fico apavorado.

Mas não estou assustado sozinho. Há pessoas que até duvidam que seja uma vacina contra pobres. Ontem a tarde, dois senhores estavam conversando, trocando palavras e gritos. Fiquei pensando comigo mesmo o que teria acontecido entre eles para gritarem daquela forma. Aproximando-me deles, pude ouvir um a dizer "Mano, essa pode ser uma vacina contra nós pobres, se somos o patrão deles, porque sermos os últimos? Se fosse contra corona seriamos os primeiros". Naquele momento, me tornei um camaleão, mudei de cor, meu rosto ficou preto, nem abri a boca para tossir, virei como aquela amiga fofoqueira que, sempre fura quintal dos outros para escutar discussão dum casal.

Um dos senhores, o Kinlepa Mmásini, muito nervoso disse "pode ser, nós é que contaminamos aos enfermeiros, poderíamos ser os primeiros a ter acesso, mas não é isso. Acho que é um plano dos ricos e a nós querem nos dar a falsa". Que explicação dão a cerca desta vacina? Que mecanismo usaram para convencer a quem pensam assim?

Estas são algumas de muitas inquietações que afligem o povo, o vosso patrão. As escolas abrir-se-ão brevemente, teremos mais uma época em que as crianças fugiam da escola por medo de serem vacinadas? A ver vamos. Tudo pode ou não acontecer.