O Arcebispo de Nampula considera a Quaresma de 2021 vivida junto a dificuldades

 O Arcebispo de Nampula considera a Quaresma de 2021 vivida junto a dificuldades



Por: Quito Namattiyela

Por ocasião da celebração do primeiro Domingo do Tempo Quaresmal, 2021, o Arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saure, escreveu uma mensagem dirigida a todo povo cristão.

Nesta, Dom Inácio contextualiza o período em que se dá o início da celebração do tempo da Quaresma na sua arquidiocese e no país em geral:

"Hoje é o primeiro Domingo da Quaresma de 2021. Uma Quaresma bem diferente de todas as Quaresmas dos outros anos: uma Quaresma em tempo pandemia do novo Coronavírus; numa Quaresma que se inicia em tempo de "Estado de Calamidade Pública", declarado em Moçambique por causa da mesma pandemia; uma Quaresma com mais de sessenta e quatro mil pessoas deslocados de Cabo Delgado acolhidos na província de Nampula e, como se isto não bastasse, muitos deles ameaçados pelo surto da cólera que eclodiu em Namialo, onde se encontra a maioria dos deslocados.

Uma Quaresma sob o signo de uso responsável das redes sociais para a transmissão de Mensagens de esperança, mas, infelizmente, também sob um abuso desenfreado das mesmas, transformadas por gente de má-fé em redes anti-sociais, nas quais se caluniam e destroem impunemente boa irmãos; uma Quaresma com jejum involuntário de muitos nossos irmãos, impostos pela fome resultante da irregularidade da Queda das chuvas na passada época agrícola e com fortes indícios de se repetir o mesmo cenário na presente época, aqui na nossa terra; numa palavra, uma Quaresma com muita opressão e sofrimento do povo, sobretudo dos mais desfavorecidos".

Dom Inácio Saure, citando as palavras de Jesus Cristo contidas no Evangelho segundo São Mateus, lidas na Quarta-Feira de Cinzas (MT 6,1.6,16.18), sintetiza toda a vida religiosa (vida do Crente) em três palavras:

Partilha, oração e renúncia, tudo isto vivido em Paz com os irmãos e para Deus. "Partilha, Oração e Renúncia, são as três formas tradicionais de penitência, em todas as religiões. A Quaresma é um tempo de viver em paz consigo e com os irmãos".

No mesmo contexto, Inácio, explica o sentido do jejum no Antigo Testamento, sobretudo no livro do profeta Isaías: "No Antigo Testamento, o profeta Isaías observava, em nome de Deus: jejuais entre e disputas, dando bofetadas sem dom nem piedade" (Is 58,4). E depois dizia qual era a condição para sair das trevas do mal para a luz do bem, para reencontrar a paz do coração: 'se retirarem da tua vida toda opressão, o gesto ameaçador o falar ofensivo, se repartires o teu pão com o faminto e matares a fome do pobre, a tua luz brilhará da escuridão, e as tuas trevas tornar-se-ão como meio-dia (Is 58, 90-10).

No entanto, o prelado, colocando perguntas de reflexão ao povo de Deus da sua arquidiocese, sugere de igual modo, para que se faça um exame de consciência neste tempo da Quaresma.

"Amado povo de Deus, como queremos bem devemos viver este tempo da Quaresma, tempo favorável de reconciliação com Deus e com os irmãos? Que cada um de nós entre em seu santuário da sua consciência, se interrogue, dê as respostas e conceberá o programa para este Tempo da Quaresma. Sugiro-vos este pequeno exame de consciência: jejuo entre ricas e disputas? Dou bofetadas sem dó nem piedade? A quem? Será que uso de modo responsável as redes sociais vou as transformo em redes anti-sociais? Há muito sofrimento neste mundo por sua causa, por tua causa, meu irmão, minha irmã".

Ainda Dom Inácio citando as palavras do Papa Francisco contidas na sua mensagem da quaresma deste ano, afirma que "no contexto de preocupação em que vivemos actualmente, onde tudo parece frágil e incerto, falar da esperança poderia parecer uma provocação o Tempo Quaresma é feito para ter esperança, para votar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua criação, não obstante nós a maltratamos com frequência (cf Encontro. Laudato si", 32-33.43-44). É ter esperança naquela reconciliação a que nos exorta apaixonadamente São Paulo: "reconciliai-vos com Deus (2Cor 5, 20). Na Quaresma, estejamos atentos a dizer palavras de incentivo, que reconfortante, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam desprezam (FT, 223).

Finalmente, Inácio Saure, propõe ao povo de Deus da sua arquidiocese para que leia a palavra de Deus, neste momento difícil, pois, é por meio desta que se pode vencer as maldades do coração. "Proponho-vos muita leitura da Palavra de Deus, sobre tudo neste tempo da Quaresma, para vencer as nossas muitas maldades de coração m proponho-vos, sobretudo, a leitura dos Evangelhos (segundo São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João), porque"a leitura e meditação do Evangelho ajuda-nos a recuperar o sentido da vida, a reencontrar o ponto de referência das nossas acções, a redescobrir os verdadeiros valores: procurai ouvir a palavra de Deus com juros tá atenção, depois analisai na mensagem contida...O tempo dedicado à leitura da palavra de Deus nunca será tempo perdido".

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